Já a dieta com muitos alimentos processados e carboidratos refinados, está relacionada com aumento de casos de depressão e ansiedade - inclusive entre as crianças
Associar alimentação e aspectos emocionais e mentais do ser humano é praxe do senso comum. Não é preciso ser um estudioso da área de nutrição ou psiquiatria para detectar que comer determinado alimento ou ficar sem se alimentar pode tornar uma pessoa mais irritável, por exemplo.
Segundo o médico psiquiatra, especialista em psiquiatria nutricional e membro da Brasil Low Carb, Regis Chachamovich, o que é relativamente novo é a descoberta de que o estilo alimentar impacta em quadros psiquiátricos, podendo ser utilizado no tratamento adjuvante e principal de doenças neuropsiquiátricas, como depressão, ansiedade, síndrome do pânico, entre outras.
Chachamovich afirma que cada vez mais evidências científicas e clínicas confirmam que uma alimentação saudável, principalmente baseada em “comida de verdade”, (de origem natural e minimamente processada) pode ser de grande eficácia para o manejo de diversas doenças acima mencionadas.
Conforme o médico psiquiatra, as doenças neuropsiquiátricas aumentaram significativamente nas últimas décadas e alguns tratamentos (a maioria a base de medicamentos) não apresentam resultados satisfatórios. Nesse sentido, aumentou a busca por alternativas que complementem o uso de remédios, fazendo com que as doenças sejam combatidas com mais eficácia. “E na minha prática e de colegas, cuidar da alimentação tem se mostrado uma boa forma de mitigar essas doenças”, afirma.
Isto porque alguns alimentos, se consumidos em excesso, costumam trazer complicações ao organismo humano de modo geral, inclusive ao cérebro. O açúcar, por exemplo, é responsável por mecanismos – amplamente aceitos pela comunidade científica – que podem acarretar diversas doenças neuropsiquiátricas. Entre estes mecanismos estão: inflamação crônica em nível do sistema nervoso central; diminuição da produção de energia proveniente da glicose; resistência à insulina em âmbito cerebral; desbalanços de neurotransmissores; e aumento do estresse oxidativo.
De acordo com Chachamovih, ao preconizar o baixo consumo de carboidratos e priorizar a ingestão de alimentos ricos em proteínas e gorduras, a dieta cetogênica promove importantes alterações metabólicas no corpo como um todo e também no cérebro, fazendo com que seja capaz de atuar em diversos dos mecanismos responsáveis pelas doenças neuropsiquiátricas. “Desse modo, a estratégia alimentar torna-se uma ferramenta importante para auxiliar no tratamento dessas doenças”, diz.
O paciente, contudo, de maneira nenhuma, deve interroper o tratamento que está realizando para iniciar uma terapia alternativa por conta própria. “O uso da dieta cetogênica para o tratamento de distúrbios mentais necessita do acompanhamento de um profissional com conhecimento sobre a doença e sobre o manejo da alimentação”, diz Chachamovich. O médico psiquiatra explica que, apesar de a estratégia alimentar ser bastante segura para a maioria das pessoas, são necessários cuidados importantes em relação à implementação e fase de adaptação, ao controle das medicações em uso, e ao acompanhamento de alguns parâmetros.
Por fim, o membro da Brasil Low Carb reitera que o fato de estratégia alimentar com redução de carboidratos ter se mostrado eficaz no combate de mecanismos que levam a doenças neuropsiquiátricas não significa que a terapêutica concorre com uso de medicamentos tradicionais. “Estes muitas vezes têm um papel definitivo em diversos casos”, afirma. A melhor abordagem, destaca Chachamovich, deve ser decidida entre paciente e médico, após avaliação individual, levando em conta preferências pessoais e contra indicações.
Até o Próximo!
Beijos!
Lucimar
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